coisas estranhas zero #fim
olá
essa newsletter começou em 2016, eu lembro exato porque era época das olimpíadas no Rio, seguindo uma onda de meninas que não queriam escrever nem no facebook nem no twitter sobre livros, suas vidas. o formato nem era novo, eu era o novo no formato. e tava me vendo sem saída também, fosse no medium, no twitter, no blog, de ter uma plataforma pra compartilhar meus links, sem ter que me preocupar tanto com a plataforma em si, do que com o material. cá estamos novamente, o blog morreu, o facebook morreu, o instagram tá morrendo, twitter sei lá, jornalistas migrando pro substack pago e eu cansado, de mais uma vez ter que migrar pra outra plataforma. não tenho nada contra qualquer plataforma propriamente, acho até meio ridícula essa discussão “dilema das redes”, porque nós vivemos na era da informação (tem uma fala de girls ótima sobre isso), quem é alfabetizado e não sabe como essas ferramentas e o capitalismo operam ou dos preceitos de um web aberta descentralizada eu só posso assumir que seja burro, e no final das contas eu não quero abdicar do capital social que é estar no facebook, por exemplo, por mais boçal que ele tenha se tornado e por mais invasor da minha privacidade ele tenha que ser pra me vender tênis na netshoes. ainda tem um monte de gente boa publicando lá, que optou por permanecer somente lá, grupos incríveis, e não ganho nada estando lá mas também não perco. então a única chatice mesmo é esse trampo sazonal de ter que migrar pra plataforma da moda. eu tô na web desde os idos do chat uol (1996). eu vi mirc, vi instant messenger, icq, essas merda toda. eu cansei.
mas essa newsletter já nasceu morta. certa vez numa reunião acadêmica sobre o nascimento de mais um periódico científico eu sugeri que a numeração fosse regressiva, cronologicamente começando de um número X e decrescendo até o zero ou negativo. Até fazia sentido por conta do programa acadêmico em questão, os professores gostaram da ideia. Mas a capes não. Só trouxe essa ideia pra minha newsletter pessoal. Cem era um número razoável que eu achei que ia matar em 2 anos, levou um pouco mais.
quando eu fiz essa newsletter tava pensando em testar mais um formato, e o espírito era o mesmo de sempre: mandar uns links pros chegados, pros amigos mesmo, gente com interesses comuns. nunca mendiguei like, minhas contas nas outras redes são quase todas privadas.
“coisas estranhas” era porque tava uma febrinha de stranger things, e “coisas mais estranhas” não fazia muito sentido, aí ficou coisas estranhas mesmo, porque eu sou estranho, então ok.
Agora, 2020, pandemia, depressão, aids, pop, repressão, que que eu fiz para merecer isso, a newsletter não tem pra onde correr. A única opção viável seria assumir o substack pago e cobrar sei lá, uns R$30 por ano pra quem quiser receber 12 edições. Mas putz, não é a minha vibe, eu sou da pirataria, sou super a favor de remunerar os artistas, mas acho que no mundo de hoje um conteúdo se fecha tem milhares de outros disponíveis, então pra que? Não faz sentido pra mim. E acima de tudo, eu não crio nada, não sou produtor, eu mal faço uma bricolagem e edição de leituras que pesco por aí e condenso tudo numa cartinha virtual para amigos. Pode ser até que eu mude de ideia daqui uns meses, mas por enquanto é não.
O lance é todo meio prosaico mas cansa um pouco. Eu montei a newsletter também como um mecanismo de me forçar a ler textos maiores (longreads) e estabelecer um sistema de arquivamento (eu escrevo sobre um determinado tópico ou tema que li e quando precisar retornar às fontes, elas estão no email). Mas aconteceu de 2016 pra cá chegarem dois inquilinos, o tempo ficou curto demais, eu deixei de ler as coisas maiores que guardava no instapaper, passei a só acumular textos curtos no pocket e hoje em dia em tenho dois apps, um pra texto grande e outro pra texto curto, que devem ter sei lá quantos giga de links guardados não lidos. Uma lástima total. E por mais que seja engraçadinho só percorrer o conteúdo besteirol, uma hora cansa também.
Então é isso, so long, farewell auf weidersehen goodbye. Eu vou dar um tempo, pode ser que eu volte ano que vem, pode ser que não. Pode ser que a cartinha volte paga, grátis, sei lá mano. Quem quiser mandar alou pode me mandar email, whatsapp, não publico quase nada, mas pode tentar me acompanhar nas outras redes. Valeu por acompanhar, tem um monte de bot seguidor vindo de clickfarm chinês mas tem gente da hora tb que sempre comentava e chegava junto. Foi bem legal, eu curti. Obrigadão 💕
———————-
pro pessoal da biblioteconomia, ou que tenha interesse, eu provavelmente vou voltar a publicar mais no BSF, jogando pra lá aqueles links que aqui eu chamava librariana. Pra mim é no brainer porque já faz parte do trabalho profissional acompanhar as novidades da área e bom porque tem alguma coisa pra jogar no blog e tirar ele da cova. O BSF também possui um mecanismo de envio de email a cada post novo, então quem quiser receber como newsletter é só assinar.
eu montei uma cartinha também pro pessoal da firma. A pegada é bem parecida com a minha de sempre, só que escolinha de engenharias.
————————
Como essa newsletter é a última, eu vou deixar pra vcs uma sequência do povo que eu mais admiro e de onde eu roubava todas as ideias pra compartilhar com vocês. Daí quem tiver fôlego, é só ir lá seguir e dar uma moral pros caras também. Eu só leio coisa gringa memo, fodase, tenho preguiça de conteúdo local porque é tudo a mesma coisa que o lado de lá na verdade, só que com 2 semanas de atraso. Como quero tá sempre up to date então sorry.
meu A-list, pessoas físicas:
kottke | waxy | things | tmn | new shelton | swiss miss | casual optimist | book of joe | bldg
agregadores:
belong | mltshp| lesswrong | metafilter | hacker news
todo dia ou quase todo dia eu entro nesses sites aí, quando acho alguma coisa bacana, que já não seja muito batida em outras redes, ou que eu acho interessante porque sim, eu guardo numa pastinha de favoritos. quando tá com um volume razoável eu sento, compilo e mando a newsletter. Eu já percorria isso tudo diariamente, vou continuar fazendo, então montar a newsletter nem é trampo. Eu tô é parando de ler os caras diariamente porque tô sem tempo agora, tô em casa mas tô trabalhando remoto, tô com as crianças, mínimo de tempo necessário no computador, então ficou inviável. Casou com o número 100-zero então beleza.
Eu não tenho o menor receio de compartilhar as “fontes”, eu sei que elas são excelentes, mas eu sei também que poucas pessoas tem a manha e a rapidez de acompanhar isso tudo, como eu faço neuróticamente. Se eu fosse manter uma newsletter paga, o conteúdo é esse aí que eu acabei de mostrar. Ou vcs me paguem pra eu fazer a edição ou então façam o percurso todo sozinhos, de graça.
eu assino newsletter pra cacete também, gostaria de indicar algumas pra vocês, aquelas que eu mais gosto e que por sinal se assemelham mais ao estilo da minha própria cartinha (só links, nada de texto emotivo), vou tentar lembrar, com certeza esquecerei algumas, lá vai:
laura olin | jen myers | ann friedman | anne helen petersen | recomendo | the prepared | storythings | dense discovery | product hunt | only dead fish | five things
a melhor newsletter simplesmente terminou em julho, imperica. e outra muita boa também mas excessiva e eu tive que parar de seguir, mas ainda assim recomendo muito, do cory doctorow. e a newsletter que reune os links mais compartilhados entre todas as principais newsletters e resolve meu problema winning the internet
————-
das newsletter escritas em português tem várias meninas que eu sigo mas confesso que a maioria eu pulo os textos introdutórios e vou direto pros links. quem eu curto, mas curto mesmo, é a juju gomes
taizze tá em outras mídias, procurem | stephanie borges | isadora sinay | anna vitória rocha | letícia arcoverde
não sei se a aline valek ainda atualiza, mas taí a central de newsletters
————-
uma porrada de textos sobre newsletter que eu juntei só nesses últimos meses, e outros assuntos transversais como open web e retorno dos blogs, se alguém ainda tá pensando em fazer um mestrado sobre:
What Is a TinyLetter? Like Ye Olde Blog, but Less Public | Thinking About Newsletters | How do we design the news for people who are burned out? | Medium, and The Reason You Can’t Stand the News Anymore | How I put my weekly newsletter together | The Return of the 90s Web | Blogging Is Most Certainly Not Dead | The decline of independent blogging | getting back to the open web via micro.blog | Finally, I Closed My LinkedIn | Digital Hygiene 101: Take Control Over Your Feeds to Regain Mindfulness | On mobile, all reader preferences or tastes were soon replaced by just one: urgency | If I could bring one thing back to the internet it would be blogs | Blogging is not dead | The Dark Forest Theory of the Internet | Newsletters are messages in bottles I cast upon the waves | A clean start for the web | You’ve Got Mail – Again: Rethinking the Role of Email Newsletters | Why the ongoing obsession with blogs? | Peak Newsletter? That Was 80 Years Ago | Subscription or no subscription? That is not the question | The Rise of the Creator Economy | How Can We Pay for Creativity in the Digital Age?
algumas ferramentas:
newsletter stack | slick | mailbrew | really good emails | find substacks | Kill the Newsletter! | super simple newsletters | linkdrop | mix |
reparei uma coisa recentemente, comecei a receber uma porrada de assinatura spam de newsletter, não só de leitores, gente que me segue mas eu tenho certeza que é clickfarm chinês, mas bots tb me assinando em newsletters por aí, sem meu consentimento, sem eu ter feito nada.
das duas uma: ou esse "boom" das newsletter no substack é apenas o estágio inicial do surgimento de novas marcas de mídia, e tudo que estamos testemunhando em um nível individual acabará se tornando corporatizado, ou então é tudo blefe e farsa e o substack vai terminar como o medium: nem começou na verdade. Algumas notícias das últimas semanas só sobre esse movimento do substack:
Casey Newton on Leaving ‘The Verge’ for Substack and the Future of Tech Journalism | Reporters are leaving newsrooms for newsletters, their own ‘mini media empire’ | Casey Newton goes Indie | Journalists Are Leaving the Noisy Internet for Your Email Inbox | How Substack has spawned a new class of newsletter entrepreneurs | From newsroom to newsletter: How local journalists are DIYing important coverage via email | Substack Rhymes With Medium