coisas estranhas # - 71
por que escrevo essa newsletter
Newsletter
essa é a newsletter de número 30 então farei um balanço.
a proposta inicial era ter um uma newsletter por semana, por 100 semanas. até agora as 30 iniciais cumpriram o programado, talvez uma ou outra eu tenha desrespeitado o limite de 7 dias, mas se falhei em uma semana, recuperei na seguinte. 100 newsletters é uma iniciativa razoável em termos de adoção e amadurecimento de plataformas na web. até o final provavelmente já terei redefinido o modo como prefiro compartilhar minhas coisas estranhas nas interwebs. ou simplesmente abandonarei meu último bastião de presença online.
se tudo der certo até o 100, na véspera do término eu lançarei algum tipo de easter egg pra certificar que alguém ainda deseja receber esse tipo de conteúdo, neste formato. daí eu talvez mantenha a cartinha, mas sem um compromisso de envio semanal.
a numeração é negativa, que serve pra acompanhar o cronograma. esta é a 30º newsletter enviada, mas corresponde ao -71 na sequência decrescente até o 0, que é quando o envio cessa.
o revue, aplicativo que uso para os envios, oferece algumas métricas que o mailchimp/tinyletter não possuem. foi essa uma das razões de eu não ter adotado o tinyletter desde o início do fervo das newsletters, dois ou três anos atrás. no painel do revue eu consigo visualizar quem de fato abriu e quais links foram clicados, o que me dá uma noção boa do tipo de conteúdo que as pessoas curtem mais.
de qq forma esse tipo de métrica é só vanity porque eu sei que ninguém vai ler a maioria dos longforms em inglês que eu repasso e que, ao contrário, a maioria dos assinantes só está interessada nas putarias que replico aqui tiradas do reddit, que normalmente fazem parte da categoria “links”. não sei se as outras pessoas que escrevem newsletters tem essa sensação de não serem lidas corretamente, o que não entra em conflito com o narcisismo porque as newsletter justamente funcionam como um canal fechado, embora o dilema prevaleça: não escrevo pros outros, entretanto a newsletter não é 100% privada. então…
a expectativa inicial era oferecer conteúdo que “vi e gostei, estou compartilhando” com os amigos mais próximos, dentre aqueles que são excluídos digitais (não participam ativamente no facebook ou twitter) e aqueles que são nativos e eu conheço superficialmente bem, e que possuem gostos similares aos meus.
o revue oferece um limite de 200 assinantes na conta free, de modo que eu preciso gerenciar quem entra e quem sai operando perto desse número. desde o início eu consegui uma massa crítica de amigos, então faço uma limpeza, de gente que eu incluí como convidado ou que assinou espontaneamente, mas que nas estatísticas eu sei que não tá lendo nada. então eu excluo essa pessoa de bom grado pra poder dar vaga a um novo assinante. é a dinâmica do big brother, vc pode ser fofo e easygoing, mas se for omisso e não participar das intrigas e panelas, nunca vai vencer. showing up is 80 percent of life.
a dinâmica das menções em newsletters parceiras acaba determinando um fluxo de novos assinantes e pessoas que eu nem sei quem são lendo as coisas aqui. isso gera um desconforto leve de escrever estritamente o que penso, o que pode ser mal interpretado por quem não me conhece de verdade, e esse autopoliciamento dentro da plataforma e conteúdo que é exclusivamente meu. então é uma extensão do dilema anterior, de ter que optar pela beleza da rede ou manter a privacidade.
acho por bem aceitar qualquer novo assinante, porque assim como é benéfico pra mim acompanhar várias outras fontes e conteúdo que são imprescindíveis, vindo de gente eu tb nunca vi na vida, mas que oferecem excelente conteúdo, talvez seja interessante para outras pessoas tb. e diferente de blogs e de outras redes, poucas pessoas tem o ímpeto de comentar o que lêem na cartinha. talvez tenha gente que nem saiba que basta dar um reply no email. isso reduz bastante o ruído e eu prefiro acreditar que as pessoas responderam no seu coração e é isso que importa.
outra razão de criar a newsletter além do mote inicial de enviar curadoria lixo pros amigos íntimos foi a de ter uma plataforma para salvaguarda e resgate de todo o conteúdo do meu consumo particular. eu já venho há um bom tempo tentando acompanhar as mudanças de aplicativos, mas tem sido muito difícil pra mim, old school person, migrar continuamente pra novos serviços. por exemplo, não consigo ainda dar um fim para os meus milhares de link guardados no delicious, uma vez que social bookmarks virou coisa do passado. e as fotos do flickr, que estão associadas à conta do yahoo e eu não consigo deletar. ou decidir entre myspace, orkut, twitter, facebook, medium. um saco. esse é um dos maiores problemas em relação à mudança do modelo de blogs, para o modelo de redes amplas, onde vc perde completamente o senso de propriedade e controle sobre o conteúdo.
a newsletter tb funciona como um apanhado semi contextual de leituras e links que são relativamente efêmeros. ou seja, se eventualmente eu precisar recorrer a algo que li ou vi no passado, talvez a newsletter funcione melhor do que a busca no google ou twitter.
a newsletter coincidiu também com um kindle paperwhite que eu ganhei no ano passado e aumentou muito a leitura de longforms. já faz uns 2 anos que não leio livros e desisti por completo. meu interesse é somente ler textos mais densos mas em formato menor. eu tinha um kindle 3º geração sem backlight. então eu lia menos porque não dava pra ler na cama, no escuro, antes de dormir. daí eu peguei o paperwhite que tem o backlight, mas derrota, a luz é muito forte, quase um abajur, e eu acabo não lendo tanto na cama. continuo lendo pelo aplicativo no iphone.
antigamente eu salvava todas as leituras no readability e ele jogava direto pro kindle. daí o readability acabou ao mesmo tempo que os longforms de qualidade proliferaram. então eu adotei outra estratégia: quando navego no browser (que é onde estou a maior parte do dia, no desktop) e esbarro em um texto curto que eu queira ler, mando pro pocket; quando encontro um texto longo, mando pro instapaper. ou seja, ao abrir qualquer link de interesse, avaliando rapidamente o lead e o tamanho do scroll do texto, eu decido prontamente se ele vai pro pocket ou pro instapaper. tudo que tá no pocket eu consumo durante o almoço ou filas de espera. tudo que tá no instapaper vai direto pro kindle e eu leio sempre que dá, antes de dormir. a tendência é de acumular sempre: salvo muito mais links do que tenho condições de ler. normal.
outro motivo pra manter a newsletter era focar nos longforms e consequentemente permanecer o maior tempo possível fora do facebook. isso tem funcionado em parte, porque não leio tanto quanto gostaria, mas saí do facebook com mais facilidade do que achava que conseguiria. o facebook pra mim funcionava a contento por conta do gerenciamento de listas. eu nunca entrava direto no feed principal, mas sim nas A-lists que eu já tinha criado manualmente incluindo fontes que eu queria acompanhar up to date, fossem pessoas, páginas ou grupos. ou seja, bastava eu seguir um número pequeno de curadores, pra saber do grosso do que estava circulando na rede. mas o facebook cagou recentemente a formatação do menu lateral vertical, então fica difícil agora acessar e criar listas, o que motivou ainda mais a saída de lá.
como eu não uso o twitter para conversar, apenas para replicar conteúdo e adestrar o algoritmo que gera outros feeds importantes que recebo via gmail (digg, nuzzel e medium, principalmente) restaram as newsletters. não tenho um número exato, mas eu devo assinar hoje por volta de 40 newsletters, que enchem a minha caixa de email e vou matando ao longo do dia. é bastante coisa, mas eu não perco muito tempo: passo o olho, guardo pra ler depois no celular ou kindle.
as redes “sociais” hoje não tem função nenhuma pra mim como news river. hoje meu consumo é inteiramente concentrado na caixa de email, onde chegam as dezenas de newsletter que assino, depois de ter passado pelo crivo de qualidade.
facebook é deprimente no sentido que as pessoas estão lá sempre se comportando da mesma forma. se vc ficar meses sem entrar e voltar, vão estar lá as mesmas postagens, com os mesmo tipo de comentários. parece niterói. e nem estou falando de gente desagradável, até pq com o tempo o algoritmo conseguiu limar bem isso. mas mesmo as pessoas legais, deixam de ser interessantes e reflexivas, porque bem, é sempre o mesmo papinho (que pro povo de humanas se resume em perdas de direitos, enquanto que o “não passarão” tá pra sempre passando). e gente que vê black mirror achando que é a melhor coisa já produzida. então deprime né. melhor assumir a impotência e niilismo e curtir gifs de gatinhos mesmo. eu agora sou praticamente o personagem antisocial do casey affleck no manchester by the sea, só que sem o background trágico.
bem, manter a newsletter é um exercício de formatação incrível também, porque aqui não tem qualquer possibilidade de edição uma vez que eu clico enviar. fico morrendo de medo de criar um link errado ou que leve pruma página errada ou um erro de concordância grosseiro. fazer o que né, anos de experiência com blogs pra serem postos à prova.
às vezes eu me arrependo de ter me convencido a ir até o 100. mas vou continuar.
pra quem quiser assinar newsletter de gente do brasil, aqui está a compilação gigante da aline: minha central de newsletters
quem quiser assinar newsletters da terra de marlboro, discover
pra quem quiser entender porque está tão difícil seguir a mídia tradicional, leia isso: Medium, and The Reason You Can’t Stand the News Anymore
vlw meus amados
quando faço 3 gols peço chatuba de mesquita
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