coisas estranhas # - 37
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Agenda
começou hoje na caixa cultural rio a Mostra Nouvelle Vague Soviética. ótima chance de ver em tela grande clássicos russos. quem não tiver por aqui pode assistir tudo em hd na Mosfilm youtube (Stalker, filme nota 10 no meu imdb). adoro essa minianálise do Tarkovski: os filmes dele tem cheiro. e parece que a caixa cultural rio vai fechar em breve porque gentrificação, então aproveitem.
não tenho idade pra curtir nem mais 1 hora xxxtrema de música, quanto mais 12. mas acho que vale o esforço pra ouvir a música de elevador do macintosh plus no Festival XXXbórnival, em são paulo. (floral shoppe disco nota 8 no meu allmusic). adoro esse minidoc sobre a história do vaporwave, o gênero musical que ninguém nunca ouviu falar.
e just in case alguém estiver em DC, inaugurou no museu do edifício exposição sobre a arquitetura das cidades secretas construída para/em torno do projeto da bomba atômica. nunca canso de indicar a série Manhattan, que mostra o dia-dia dos pesquisadores em los alamos.
Leituras
terminei de ouvir o Sapiens [primeira e última experiência de audiobook enquanto dirijo, impraticável. vcs conseguem?], antes de tentar o Homo Deus. fico satisfeito que de tempos em tempos apareça algum livro decente com tema ciências que caia nas graças do grande público. o último que me recordo foi o Breve história de quase tudo [tem esse vídeo de Neil Degrasse tratando do estado da ciência na america, e por que, especialmente nos tempos atuais, é algo que precisa ser defendido. vejam tb o documentário Jane, que é a história bonita da moça que nunca tinha feito pesquisa de campo mas se tornou grande primatologista. dez reais pra quem assistir esse vídeo dela e não chorar].
no Sapiens tem vários pontos interessantes, ideias que fogem do senso comum da academia [como o Jared Diamond faz nos livros dele], tipo a coisa de a agricultura ser o início da nossa ruína e o descaralhamento da nossa dieta atual. e lá tem tb uma ideia bem original do DNA como software, que eu vi primeiro no Gregory Chaitin, que era difícil conceber, não por razões teóricas, mas de natureza política e ética [mas apareceu essa semana um vídeo conceito do google sobre como a coleta total de dados poderia reformular a sociedade, que muda toda essa perspectiva. É pavoroso.]
Sapiens é um bom livro mas não surpreende. Quando a gente estuda a história universal e as ciências é sempre a mesma coisa: Babilônia, Egito, Persas, Helenismo, ….Holanda, Inglaterra, EUA. Ou seja, história dos caminhos e descaminhos da diáspora judaica. Yuval Noah Harari, ok, longe de mim anti-semita. Mas nesses livros todos têm essa dominância da intelectualidade judaica antropóloga, onde a cultura ecológica (uma vibe mais religiosa) mal serve de passagem à cultura lógica, e com isto a história cultural rapidamente se transmuta em história econômica.
É o problema que o Simas fala, que nos dias atuais, em vez de se entender a economia como parte constitutiva da cultura, vigora uma perspectiva que transforma a cultura em parte da economia [campo este que nos define como meros consumidores, alheios aos processos de elaboração de formas de vida], homo ex machina.
Tô com o Simas:
IKU, UM ORIXÁ
Os mais velhos contam que Olodumare, o deus maior, um dia deu a Obatalá a tarefa da criação dos homens, para que eles povoassem o Ayê - esse nosso mundo visível. Não foi um ato de misericórdia ou amor que determinou que o ser humano fosse criado; Olodumare fez isso em um momento de vaidade, do qual em algumas ocasiões arrependeu-se amargamente.
Obatalá moldou os homens a partir de um barro primordial; para isso pediu a autorização de Nanã, a venerável senhora que tomava conta daquele barro. Os seres humanos, depois de moldados, recebiam o emi - sopro da vida - e vinham para a terra. Aqui viviam, amavam, geravam novos homens, plantavam, colhiam, se divertiam e cultuavam as divindades.
Aconteceu, porém, que o barro do qual Obatalá moldava os homens foi acabando. Em breve não haveria a matéria primordial para que novos seres humanos fossem feitos. Os casais não poderiam ter filhos e a terra mergulharia na tristeza trazida pela esterilidade. A questão foi levada a Olodumare.
Ciente do dilema da criação, Olodumare convocou os Orixás para que eles apresentassem uma alternativa para o caso. Como ninguém apresentasse uma solução, e diante do risco da interrupção do processo de criação dos homens, Olodumare determinou que se estabelecesse um ciclo. Depois de certo tempo vivendo no Ayê, os homens deveriam ser desfeitos, retornando à matéria original, para que novos homens pudessem, com parte da matéria restituída, ser moldados.
Resolvido o dilema, restava saber de quem seria a função de tirar dos homens o sopro da vida e conduzi-los de volta ao todo primordial - tarefa necessária para que outros homens viessem ao mundo.
Obatalá esquivou-se da tarefa. Vários outros Orixás argumentaram que seria extremamente difícil reconduzir os homens ao barro original, privando-os do convívio com a família, os amigos e a comunidade. Foi então que Iku, até ali calado, ofereceu-se para cumprir o designo do Deus maior. Olodumare abençoou Iku. A partir daquele momento, com a aquiescência de Olodumare, Iku tornava-se imprescindível para que se mantivesse o ciclo da criação.
Desde então Iku vem todos os dias ao Ayê para escolher os homens e mulheres que devem ser reconduzidos ao Orum. Seus corpos devem ser desfeitos e o sopro vital retirado para que, com aquela matéria, outros homens possam ser feitos - condição imposta para a renovação da existência. Dizem que, ao ver a restituição dos homens ao barro, Nanã chora. Suas lágrimas amolecem a matéria-prima e facilitam a tarefa da moldagem de outros homens.
Iku é, desde então, o único Orixá que tem a honra de baixar na cabeça de todas as pessoas que um dia passaram pelo Ayê. É por isso que no Axêxê, o ritual fúnebre que celebra, prepara e comemora a volta dos homens ao todo primordial, prestam-se homenagens a Iku - com cantos de júbilo e louvação que, mais que a morte, reafirmam o mistério maior - a possibilidade de outras e outras vidas.
Assim diziam os mais velhos, que jamais vestiam luto, em sua infinita sapiência.
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